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Um homem passou por aqui ligeiro e seu nome era Zelito Maia


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Um homem passou por aqui ligeiro, como um vento forte benfazejo, vindo de outra plaga sertaneja como o Araci e seu nome era Zelito Maia.

De tudo o que se pode ouvir sobre ele, o que realmente ficou na alma e consciência dos aracienses é que ele era destemido como o leão, visionário como uma águia e sonhador como menino.

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Zelito chegou aqui à convite de parte da população desesperançada de mudanças tardias e trazia no peito um desejo e uma esperança antiga de ver seu vizinho município Araci, como via Ribeira de Pombal. Adotá-la como sua e por ela lutar a fim de a transformar numa cidade mais próspera, mais solidária e mais justa.

Mesmo encarando o negativismo de muitos, ele sabia ao certo de onde vinha, porque viria e depois de muitos encontros pessoais por todo o município, falou pela primeira à esperançosa grande massa na praça, sua voz calou até o barulho do comércio na grande feira-livre. Zelito ao falar com seu jeito dócil, mostrava no timbre algo de verdade, de força, fazendo diferente, compromisso sem tretas e artifícios.

Decidido, arriscou seu nome a prefeito. Não por vaidade, mas por uma causa. Não ousou falar mal ou condenar pessoas, com conhecimento, apontava os problemas estruturais da cidade, os descasos das instituições de atendimento e amparo e dizia que a mudança chegaria pela reforma de uma máquina administrativa engessada e nepotista.

Seus pronunciamentos embora curtos, mas rigorosos, conquistaram metade da população eleitoral — a metade que aprendeu a confiar, querendo mudança e parte da outra metade temerária e duvidosa. “Desde que esse irmão adotado chegou, o povo começou a entender que acreditar e sonhar, sempre foi mais fácil que duvidar”.

Zelito caminhava pelas feiras, entrava nas casas, olhava nos olhos. Parecia enxergar além da poeira e da política, como se carregasse consigo uma Araci futura, pronta para ser reconstruída.

Mas o infortúnio, velho parelho do destino, zombadores dos planos humanos, despedaçou no asfalto negro e quente, os sonhos desse visionário. No dia 24 de maio, toda região sertaneja que o conhecia como empresário e político, parte da população da Bahia, representada pelo seu irmão deputado federal Ricardo Maia, foram abaladas com a notícia do acidente sofrido por ele na BR-235, nas proximidades de Jeremoabo.

Dessa data até a noite de ontem (21), Araci e toda região, acostumadas com a lentidão do cotidiano sertanejo, mergulharam em silêncio, comoção e orações. As dimensões do acidente com a carreta e as graves mutilações sofridas, exigiram sua permanência em estado grave na UTI do Hospital Geral Santa Tereza em Ribeira do Pombal e por todos esses 27 dias, a cidade de Ribeira do Pombal, Araci e Tucano, onde seu sobrinho é prefeito, choraram em silêncio, rezaram e oraram em alta voz e contrição pela sua recuperação, até que na manhã de hoje (22), caíram num vazio sem respostas, que só chegarão aos corações pela presciência de Deus.

 Zelito Maia se foi como um lindo conto ligeiro que passa por nós, deixando, todavia, uma sombra comprida e um nome que ainda ecoa nos muros em algumas portas, com sua imagem de luta e não sairá das rodas de conversas dos que aprenderam a amá-lo, na mesma intensidade que amava a Araci.

A despedida repentina, interrompeu uma trajetória que, para muitos, representava a primeira chance real de mudança numa fase longeva que beira 24 anos.

“Araci perdeu mais do que um amigo candidato”, - se lê de montão nas inserções das redes sociais. O que quer dizer: - “Foi-se a esperança viva de uma transformação possível em Araci.”  O que fica é a manutenção dessa esperança de que, um dia, outra alma como Zelito, “destemido como o leão, visionário como uma águia e sonhador como menino”, surja para reunir ceifeiros de uma colheita farta dessa semente lançada no solo pelo sempre lembrado ZELITO MAIA.

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