Hoje, como costumo fazer, em quase todas as manhas de segunda feira, estava feira livra a dentro, e à medida em que transito em grande parte daquele espaço barulhoso, vai escapulindo de meu pensamento um desafogo comum dos bairristas, aqueles caras que dão um baita valor a um lugar, porque é seu pedaço de chão, terra onde nasceu.
A alegria de passear naquela feira vem da precisão de fazer as compras da semana, checando rigorosamente a lista de dona Zenaide, de quem sou o servente doméstico, dá-me a sensação de estar na maior feira livre da microrregião de Serrinha.
Conheço outras feiras consideradas como maiores feiras ao ar livre do mundo, como a Feira de Caruaru, comercializando frutas, verduras, cereais, ervas medicinais, carnes, roupas e muitos outros artigos nacionais e importados. Frequentei por mais de 25 anos a maior feira a céu aberto da América Latina, o Ver-O-Peso, no centro de Belém, que a quase 400 anos escreve sua história expondo em barracas, cheiros, ervas medicinais, óleos de madeiras, frutas, carnes, peixe fresco e seco, camarão e inúmeros quiosques e barracas onde serve comida e vende confecções.
Parece bairrismo? Pode ser. Mas veja a feira livre de minha cidade como um mercado a céu aberto onde o comprador encontra de tudo. “Como de tudo se encontra na Feira de Caruaru, parodiando a letra da canção de Luiz Gonzaga”
A Feira de meu Araci
Faz gosto a gente ver
De tudo que há no mundo
Nela tem pra se vender...
...
Tem massa de mandioca
Castanha assada do maturi
Banana, laranja, manga
Batata, doce, do chão daqui
Cenoura, jabuticaba
Saqué, galinha, tem juriti
Tem bode, carneiro, porco
Se duvidar inté açaí
Tem cesto, balaio, corda
Tamanco, tem japonesa
Fumo de paia, fogo piti
Tem pó de rapé no pote
Feito do toco do licuri
Caneco pra pinga boa
Peneira em paia do ariri
Tem carça, bermuda e cinto
No beco da feira do Araci
Tem rede, tem armadilha
Inté carabina, isso já vi
Maxixe, cebola verde
Tomate, couve e abacaxi
Armoço feito na grelha
Pirão mexido, arros piqui
Mobilha, mesa redonda
Feita do tronco do calumbi
Tem beiju, tem tapioca
Feita no queijo catupiri
Geladinho, cardo de cana
Suco bacana do tamari
Bebidas de capeteiros
De sabor forte qual bacardi
De tudo que há no mundo
Se compra na feira do Araci.
A paródia das trovas do “Lua” com a feira de Araci, faz sentido porque são parecidas nas origens e no aspecto enrevesado; que não consegue ficar direito, difícil de ser arrumado. E também porque a feira de Caruaru nasceu no final do século XVII, quando foi construída a Capela de Nossa Senhora da Conceição (1781), e as multidões nos arredores da capela, interessados em cumprir suas obrigações religiosas, desenvolveram um ambiente de comercio de itens para suprimento de suas necessidades. Nesse mesmo lugar, hoje está estabelecida a maior feira ao ar livre do mundo.
Vamos dar uma volta pela maior feira da região e depois de ver cada detalhe, responder a indagação proposta pelo título desse editorial:
Feira Livre de Araci, tão magnífica quanto arrevesada.
(O veículo vermelho em fila dupla estava parado sem condutor, vidros fechados, ligou o aleerta e saiu). - Os veíclos estacionados no mesmo local, onde à feira passada, outros foram notificados com estacionamento irregular. (Imagem à D).
(Motos disputam espaços entre barracas, sem alinhamento com a fluxo do tráfego. Outras estacionadas ao longo do meio-fio, ocupando espaço onde caberiam pelo meenos dois carros).
(Na via dos passantes, mercadorias são expostas no chão e veículos se se misturam no mesmo espaço)
A gigantesca área de centenas de metros quadrados abriga a magnifica feira com espaços distintos nos dois lados. Mercado da farinha, barracas e area de carga e descarga ao fundo, recebendo caminhões para descarga de produtos. Agregada a essa imensa área na Praça principal, está também outra área da nova Praça de Eventos, que não comporta o numero de veículos por falta de estacionamento planejado (45 graus) e ainda expositorees e vendedores de mercadorias espalhadas sobre o passeio público e até na rua, destina aos passantes.
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